A desinformação é um fenômeno amplo, operado por motivações políticas e econômicas. Pesquisas recentes indicam a existência de dois grandes eixos estruturadores que caracterizam o fenômeno da desordem informacional e da desinformação: a dimensão da facticidade e da intencionalidade (Wardle 2017). Com isso, temos a desinformação como a produção e manipulação de informações falaciosas, de forma intencional e visando produzir algum dano a dado ator. Nesse sentido, além das notícias completamente falseadas em si, fazem parte desse sistema de desinformação notícias parcialmente falsas, divulgadas fora de contexto, com supressão de elementos, com falsas conexões entre título e corpo das matérias ou com imagens e vídeos manipulados.

Além do conteúdo intencionalmente produzido e compartilhado, Wardle demarca também o que, em inglês, ficou conhecido como misinformation, quando um conteúdo errôneo ou falso é produzido e/ou compartilhado sem a intencionalidade de dano, seja dentro do contexto má apuração jornalística, na forma de sátiras e paródias ou no compartilhamento da informação sem que o indivíduo saiba da sua natureza falsa ou enganosa. Ou seja, enquanto a misinformation se refere ao “compartilhamento inadvertido de informações falsas”, a desinformação se refere à “criação deliberada e compartilhamento de informações sabidamente falsas” (Wardle 2017). Portanto, todos esses cenários devem ser levados em consideração ao analisar a amplitude da disseminação de informação na era digital, para que as estratégias apresentadas para compreender e lidar com o fenômeno não sejam desproporcionais ou recaiam apenas na punição dos indivíduos e privação de liberdade de expressão e privacidade dos usuários da rede.

Atualmente, na esfera digital, é cada vez mais difícil identificar, classificar e combater esse fenômeno. Por isso, hoje, há um esforço em diversos setores da sociedade para o desenvolvimento de ferramentas de enfrentamento à desinformação, além de estratégias múltiplas, dentre elas a alfabetização midiática

No vídeo abaixo Claire Wardle fala sobre esse fenômeno e esclarece outros conceitos que o circundam:

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